Inclusão em destaque na Fenearte 2025: jovens com autismo voltam a ocupar espaço com artesanato e emprego apoiado

Inclusão em destaque na Fenearte 2025: jovens com autismo voltam a ocupar espaço com artesanato e emprego apoiado
As pecas sao assinadas pelo ceramista Claudio Neves pai de uma crianca autista. CREDITO Sandrine Neves Instituto Dimitri Andrade

O estande organizado pelo Instituto Dimitri Andrade comercializa peças de cerâmica produzidos por ceramista que é pai atípico

Após o sucesso alcançado na edição anterior, o Instituto Dimitri Andrade retorna à 25ª edição da FENEARTE — Feira Nacional de Negócios do Artesanato — promovendo mais uma vez a inclusão no mercado de trabalho por meio do artesanato. Adolescentes e jovens com autismo atendidos pelo Instituto participam da feira, que acontece de 9 a 20 de julho de 2025, no Centro de Convenções de Pernambuco, atuando como vendedores na modalidade de emprego apoiado.

O estande do Instituto estará localizado na área da Rede Solidária, nº 585, próximo a praça de alimentação, e comercializará produtos artesanais de cerâmica com significado afetivo e simbólico, relacionados ao autismo e à inclusão. As peças são assinadas pelo ceramista Cláudio Neves, pai de uma criança autista, que desenvolveu a coleção especialmente para o evento.

Entre os produtos à venda estão itens decorativos e utilitários da nova coleção Ecos da Inclusão, como vasos orgânicos, manteigueiras, luminárias de mesa, travessas, esculturas de parede, pratos, molheiras e boleiras. As peças da coleção são de edição limitada e exclusiva para a feira. Também estará disponível a peça-símbolo lançada no ano passado: a xícara azul com alça em formato de quebra-cabeça, criada em homenagem a Dimitri Andrade, jovem com autismo que inspirou a fundação do Instituto. Além da cerâmica, o estande venderá camisas temáticas, acessórios e livros sobre autismo, inclusão e metodologias de apoio.

“Através do barro e do fogo, eu busquei expressar o universo multifacetado do autismo. Cada peça carrega tons profundos de azul com detalhes únicos, refletindo as emoções, os silêncios e as descobertas de quem vive essa jornada. Na minha relação com o diagnóstico de autismo da minha filha, eu aprendi a valorizar a cada dia o que parece pequenas conquistas”, destaca o artista Cláudio Neves, reconhecido internacionalmente por seus vasos para Bonsai. 

Emprego apoiado e protagonismo autista

O emprego apoiado é uma estratégia para promover a inclusão de pessoas com autismo e outras deficiências no mercado de trabalho. Trata-se de uma metodologia que oferece apoio contínuo e personalizado para que pessoas neurodivergentes alcancem suas metas laborais, desenvolvam habilidades e ganhem autonomia. Segundo dados do portal Autism Speaks, cerca de 85% da população adulta com autismo está desempregada, um cenário que o Instituto busca transformar por meio de ações práticas e articuladas.

Os jovens que participarão da Fenearte são previamente treinados no Instituto Dimitri Andrade como parte das terapias integradas oferecidas pela instituição. O modelo vai além da exposição: proporciona experiências reais de contato com o público, manuseio de produtos e vivência de rotina profissional, além de geração de renda para os jovens.

Além da Fenearte, o Instituto desenvolve parcerias com empresas para a inserção de adolescentes e adultos autistas em vagas específicas, treinando pessoas com autismo e outras deficiências de acordo com a demanda da empresa e o perfil do contratado.

“A prática do emprego apoiado traz benefícios amplamente comprovados para pessoas com autismo, como maiores taxas de inclusão, melhor qualidade de vida, ganhos cognitivos e sociais, além de impacto positivo na economia. O emprego também é uma questão de saúde. Prezamos por levar as terapias para além dos consultórios. Em mais um ano, nossos adolescentes e adultos com autismo serão os vendedores da loja do Instituto na Fenearte. Assim, promovemos inclusão, sociabilidade e autonomia”, destaca a psicóloga Frínea Andrade, fundadora e diretora do Instituto Dimitri Andrade.