Maio Amarelo: Campanha alerta para acidentes de trânsito e cirurgiã bucomaxilofacial chama atenção para os traumas na face

Taciana Abreu cirurgia bucomaxilofacial CREDITO Hercio Moraes

Motociclistas e ciclistas estão entre as principais vítimas de fraturas faciais causadas por acidentes de trânsito.

 

O mês de maio é marcado pela campanha Maio Amarelo, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da segurança no trânsito. Embora muitas vezes os debates girem em torno de números de mortes, um alerta importante vem ganhando força: os traumas faciais causados por acidentes de trânsito, especialmente envolvendo motociclistas e ciclistas.

De acordo com a cirurgiã bucomaxilofacial Dra. Taciana Abreu, sócia da clínica CIEB Implantar Saúde e coordenadora da residência em Cirurgia Bucomaxilofacial do Hospital Getúlio Vargas (PE), os traumas de face continuam sendo extremamente prevalentes.

“Com a obrigatoriedade do uso do cinto, os casos envolvendo passageiros diminuíram, mas ainda vemos muitos casos de traumas faciais em acidentes envolvendo motociclistas e ciclistas e também em pessoas que estavam no banco de trás sem cinto e foram projetadas para frente”, alerta a especialista.

A cirurgiã bucomaxilofacial destaca que a face é uma das regiões mais expostas e vulneráveis do corpo. Composta por estruturas delicadas, como mandíbula, nariz, maxila e dentes, qualquer colisão pode provocar fraturas, hemorragias e deformidades.

“Um trauma na face pode impactar não só a estética, mas também funções vitais como a respiração, a mastigação e a fala. A recuperação pode ser longa e afastar o paciente do convívio social e das atividades de trabalho”, afirma Taciana Abreu, doutora em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Universidade de Pernambuco (UPE). Ela destaca que, por ser uma região altamente vascularizada, os traumas costumam provocar inchaço imediato, o que pode dificultar intervenções cirúrgicas no mesmo dia. Muitas vezes, é necessário aguardar a redução do edema para só então iniciar o tratamento.

Jovens são as principais vítimas

Os acidentes de trânsito seguem sendo a principal causa de traumas faciais no Brasil, especialmente entre jovens de 20 a 39 anos. Um estudo da Faculdade IBECO apontou que 36% dos traumas bucomaxilofaciais registrados entre 2011 e 2019 em um hospital de São Paulo estavam ligados ao trânsito. Outro levantamento, do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), revela que, entre 2018 e 2022, 441 pacientes com lesões na face foram vítimas de acidentes de trânsito, sendo 90 casos com ciclistas, 168 com motociclistas e 183 com automóveis. Os acidentes ultrapassaram outras causas de traumas faciais, como quedas, passando a representar mais de 50% das ocorrências.

O uso correto de equipamentos de proteção continua sendo a medida mais eficaz para reduzir a gravidade dos acidentes. O capacete pode reduzir em até 72% o risco de lesões graves e em até 39% as mortes. “É fundamental reforçar o uso do capacete adequado, afivelado corretamente, além do cinto de segurança, mesmo nos bancos traseiros. A negligência ainda é uma grande inimiga da vida”, alerta a cirurgiã bucomaxilofacial Taciana Abreu.

Tratamento rápido salva vidas

Em casos de trauma facial, a recomendação é procurar atendimento imediato. Os serviços de urgência do Estado contam com cirurgiões bucomaxilofaciais capacitados para intervir de forma rápida, evitar complicações graves e preservar a funcionalidade da face.

“Fraturas graves que afundam regiões como a cavidade nasal ou a mandíbula podem obstruir as vias aéreas superiores. Quando o paciente não consegue respirar, o risco de morte é altíssimo. Em alguns casos, ele aspira o próprio sangue, e se a intervenção não for imediata, o óbito é inevitável”, alerta.

Para traumas mais simples, o tempo de recuperação varia entre dois a três meses. Nos casos mais complexos, o processo pode durar até dois anos, exigindo enxertos ósseos, implantes dentários e reabilitação funcional e estética.

Taciana Abreu é cirurgiã dentista implantodontista e doutora em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Universidade de Pernambuco (UPE). Coordena a residência de cirurgia bucomaxilofacial do Hospital Getúlio Vargas (HGV-PE)