10 de novembro é o Dia Mundial do Ceratocone para conscientizar sobre a doença que é a principal causa de transplante de córnea, conforme aponta o Ministério da Saúde. O ceratocone provoca visão distorcida e embaçada e sensibilidade à luz, podendo progredir para a perda visual intensa, o que se assemelha à cegueira. Embora não seja uma doença tão discutida quanto outros problemas de visão, a doença atinge uma a cada duas mil pessoas, no Brasil, principalmente, pacientes jovens, e por ano, afeta 150 mil brasileiros. Pessoas alérgicas são mais propensas a desenvolverem o ceratocone devido ao hábito de coçar os olhos.
“A córnea é uma lente natural, feita de colágeno de diversos tipos, que podem ser mais delicados ou mais resistentes. A combinação de um colágeno frágil com trauma mecânico, como coçar os olhos ao longo do tempo, pode gerar o ceratocone, que recebe este nome por causar uma curvatura irregular onde a espessura da córnea vai diminuindo e ficando pontiaguda, semelhante ao formato de um cone, que não volta ao normal e pode progredir até que o paciente precise de um transplante de córnea”, explica o oftalmologista Ermano Melo, especialista em doenças da córnea.
Relação entre alergias e ceratocone
“O ceratocone está ligado a fatores genéticos, mas seu surgimento pode ser agravado pelo hábito constante de esfregar os olhos. Pacientes com quadros de rinite, dermatite, sinusite, entre outras alergias, são os mais vulneráveis a desenvolver a doença porque têm o hábito de coçar constantemente a região dos olhos. É necessário que os pais fiquem alerta se o filho coça o olho com frequência devido a alergias e procurem um especialista não só na oftalmologia, mas em alergia também. Alergia a gente não cura, mas tem fatores externos que podemos controlar”, explica o oftalmologista.
Quais os principais sinais?
Dificuldade de enxergar, mesmo de óculos;
Sensibilidade à luz;
Visão dupla (diplopia);
Baixa acuidade visual severa nos casos mais graves.
“Vale lembrar que o ceratocone costuma não apresentar sinais no início. Por isso, as pessoas que possuem parentes com diagnóstico do problema devem manter uma regularidade das consultas oftalmológicas e informar o histórico familiar ao especialista. Quanto mais cedo descobrirmos o ceratocone, maior é a possibilidade de impedir a progressão”, aponta Ermano Melo.
Tratamentos disponíveis para o ceratocone
Implante do anel de ferrara
Crosslinking
Transplante de córnea nos casos mais avançados
“Os tratamentos mais modernos são o implante do anel de ferrara e o crosslinking. No implante do anel ferrara é colocado um dispositivo intracorneano, que permite ao paciente recuperar boa parte da visão. Já o crosslinking é um método simples, feito em bloco cirúrgico, rápido e de fácil recuperação. Durante a operação, aplicamos um colírio de riboflavina (vitamina B2) durante 30 minutos. Logo após fazemos uma irradiação com luz ultravioleta. A partir da reação química desse procedimento, o tecido corneano fica mais rígido e evita o avanço. Nos casos mais avançados, pode ser necessário o transplante de córnea”, detalha o médico oftalmologista Ermano Melo.
O ceratocone tem cura?
“A doença não tem cura, mas o acompanhamento correto é capaz de retardar a progressão, estabilizando-a. Assim, o diagnóstico precoce é a melhor forma de prevenir o avanço da doença. Alerto que as pessoas que apresentam alergia ocular ou alta progressão no grau dos óculos devem estar atentas e procurar um médico para acompanhar o quadro”, enfatiza o oftalmologista Ermano Melo.
Ermano Melo é oftalmologista, especialista em córnea, cirurgia de catarata e cirurgia refrativa e é sócio-diretor do Hospital de Olhos Oftalmax.
Instagram: @drermanomelo