Fisioterapeuta explica condição que mais levou ao afastamento do trabalho por motivos de saúde em 2023, seguida de dores na lombar

Conviver com dores, apesar de desagradável, já faz parte da rotina de muitos que se acostumaram ao desconforto. Entretanto, a dor pode ser o sinal de uma patologia mais séria, que necessita de acompanhamento e cuidados específicos. Foi o que aconteceu com a atriz e apresentadora Taís Araújo, que foi socorrida no último dia 8 de janeiro com fortes dores nas costas e recebeu dois dias depois, após passar pelo tratamento, que foi bem sucedido.

O diagnóstico da artista é bastante comum: segundo dados do Ministério da Previdência Social, a hérnia de disco foi a principal razão de afastamento por motivo de saúde em 2023, seguido de dores na lombar. Nesse sentido, a fisioterapeuta Cândida Gama, especialista em terapia manual, biomecânica do movimento e fisioterapia esportiva e sócia do Instituto de Saúde e Movimento (ISM), explica por que tais quadros são tão comuns na população e o que pode ser feito para prevenção, diagnóstico e tratamento.

P.: Existe diferença entre hérnia de disco e dores na lombar?

R.: Sim. A grande maioria das dores na lombar são de causas não específicas. Ou seja, apenas uma pequena parte será motivada pela presença de hérnia de disco, que é uma lesão específica. A presença da dor na região lombar pode estar relacionada a muitos fatores e precisa ser avaliada levando em consideração o contexto biopsicossocial do paciente.

P.: Quais os principais sinais da hérnia de disco? Como identificá-los?

R.: O principal sintoma da hérnia de disco lombar é dor aguda e/ou dor radicular, que é quando a dor é irradiada por um trajeto específico no corpo. Por exemplo, a pessoa pode sentir uma dor que desce pela coxa ou perna e compromete a força, a sensibilidade e os reflexos. Ainda assim, é importante destacar que muitas pessoas têm esse tipo de hérnia e são assintomáticas.

P.: Por que a hérnia de disco e as dores na lombar têm acometido tantas pessoas, e cada vez mais jovens?

R.: São dois extremos: o sedentarismo e a sobrecarga. A ausência de qualquer prática física enfraquece a musculatura e sobrecarrega as articulações, facilitando o surgimento dessas dores e o aparecimento da hérnia. Por outro lado, a prática de exercícios com cargas muito pesadas também é um fator de risco.

P.: Quais os tratamentos mais recomendados?

R.: A fisioterapia é o principal tratamento, pois vai fortalecer a parte muscular para que as articulações não sofram tanto e sustentem melhor a coluna. É importante dizer, entretanto, que a aplicação das técnicas deve ser individualizada.

P.: Existe prevenção? E cura?

R.: A melhor prevenção, tanto para hérnia quanto para dores na lombar, é manter os músculos fortes e evitar sobrecarga, além de evitar, também, esforços repetitivos.

Quanto à cura, a hérnia de disco não é um processo que tem uma cura porque o disco tem um canal anelar, por fora, fibroso, e uma parte gelatinosa dentro. A hérnia acontece quando o anel de fora se rompe e a parte gelatinosa passa de dentro para fora, e mesmo com procedimentos cirúrgicos não se consegue uma regeneração ao ponto de esse disco voltar pra dentro e o anel se fechar, por isso não falamos em “cura”. Em alguns casos, o que se consegue é uma redução da hérnia, quando, com os tratamentos adequados, o paciente ganha algum espaço na coluna e a parte de compressão se torna menor, mas não é regra. É necessária uma avaliação por um profissional para identificar as possibilidades.

Serviço:

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