Pé diabético: complicação silenciosa ameaça milhares de brasileiros com risco de amputação

Medico ortopedista Fernandes Arteiro

As complicações do diabetes vão muito além do controle da glicose no sangue. Uma das mais graves e silenciosas é o pé diabético, condição que pode evoluir para infecções graves e amputações quando não tratada de forma precoce. Entre janeiro e agosto de 2023, a diabetes foi a causadora de pelo menos 6.982 amputações de pernas e pés, uma média de 28 casos por dia, conforme dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e foram divulgados pela Agência Brasil.  A amputação costuma ser antecedida de úlceras nos pés, o chamado “pé diabético”, que causa a perda das funções dos nervos do membro inferior. A condição atinge 13 milhões de pessoas com diabetes, conforme dados da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé).

O ortopedista especialista em pé e tornozelo Fernandes Arteiro alerta que a perda da sensibilidade causada pela doença é o primeiro passo para complicações graves. “O pé do paciente com diabetes deve ser avaliado com extremo cuidado. Muitas vezes, pequenas feridas ou úlceras passam despercebidas porque a sensibilidade está comprometida. Se não tratadas a tempo, essas lesões podem se agravar, causar infecções e levar até à amputação”, explica.

Como identificar os sinais

O pé diabético costuma se manifestar com sintomas progressivos. Entre os sinais de alerta que não devem ser ignorados estão:

  • Dormência
  • Formigamento
  • Dor persistente
  • Alterações na cor da pele
  • Unhas deformadas
  • Feridas que não cicatrizam 

“O pé diabético não se limita apenas às feridas. Ele também pode causar deformidades importantes devido à neuropatia motora, que provoca atrofia e enfraquecimento dos músculos do pé. Esse processo leva a alterações na posição dos dedos, como o surgimento de dedos em garra ou em martelo. Além disso, a instabilidade articular pode evoluir para o chamado Pé de Charcot, uma condição grave caracterizada pela fragilidade e deformidade dos ossos e articulações do pé, tornando-o instável e mais propenso a fraturas e ulcerações”, detalha Fernandes Arteiro.

Tratamentos

O tratamento para o pé diabético varia de acordo com o grau do problema e envolve cuidados locais com limpeza, curativos especiais e inspeção diária dos pés, terapia com antibióticos para infecções e correção de deformidades. “Para os pacientes que chegaram a estágios de deformidade, pode ser necessário fisioterapia e adaptação de calçados, e em casos mais avançados, o tratamento cirúrgico com foco na função e no alívio dos sintomas, além da estética”, destaca. 

A importância da prevenção

Com o aumento do número de pessoas com diabetes e o envelhecimento da população, o especialista reforça que a atenção preventiva é fundamental.

“É essencial que todo paciente diabético faça acompanhamento regular. Qualquer alteração, como infecção, úlcera ou ferida que não cicatriza, deve ser investigada imediatamente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são a chave para evitar complicações graves”, alerta o médico ortopedista Fernandes Arteiro, especialista em pé e tornozelo.

Fernandes Arteiro é médico ortopedista especialista em cirurgia do pé e tornozelo. Atende na Clifor Olinda, Hospital Santa Joana, Hospital Esperança, Solb, Ortho, no Hospital Português e no Hospital da Restauração. 

@dr.fernandesarteiro