Cirurgião bariátrico explica porque essa, que a meta de Ano Novo de muitos, precisa ser uma prioridade
O início de um novo ano tende a motivar a aquisição de novos hábitos que envolvem a busca por melhor qualidade de vida. Ter saúde, afinal, é o principal desejo de qualquer pessoa. Nesse sentido, entre as promessas mais comuns nas listas das pessoas, costuma-se encontrar o emagrecimento. Para quem sofre com a obesidade, entretanto, prometer algo assim pode ser muito desafiador.
Para o médico cirurgião especialista em cirurgia bariátrica, cirurgia geral, do aparelho digestivo e cirurgia videolaparoscópica Sérvio Fidney, o emagrecimento é um objetivo-chave para quem está obeso e busca ter mais saúde. “É impossível falar de vida saudável sem falar de controle da obesidade. Essa doença complexa e multifatorial afeta o indivíduo como um todo, provocando o surgimento de comorbidades, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças e repercutindo profundamente no bem-estar e na autoestima da pessoa”, explica.
Diabetes, hipertensão, refluxo, lombalgia, hérnia de disco, infertilidade, síndrome do ovário policístico e câncer são alguns exemplos de problemas para os quais o sobrepeso é um fator de risco. “Muitas vezes, a pessoa está passando por um tratamento especializado para tratar de uma dor articular, por exemplo, ou de uma desregulação hormonal. Contudo, sem controlar a obesidade, o tratamento local será sempre limitado e o paciente não vai conseguir se reabilitar de forma eficiente”, pontua o cirurgião. Além disso, a obesidade impõe uma série de limitações no dia a dia de quem sofre com ela. “As queixas mais comuns são a dificuldade em realizar movimentos simples, como carregar os filhos, cruzar as pernas, calçar os próprios sapatos e subir alguns degraus”, destaca.
Para quem colocou “sair da obesidade” na lista de metas para 2024, o especialista explica que a causa é a primeira coisa a ser investigada: “Com um acompanhamento profissional adequado, o paciente vai conseguir identificar, junto com o especialista, o que o levou a esse quadro. Entender que ele não chegou ali porque quis é o primeiro passo para traçar o plano de ação, digamos assim”, afirma.
As opções de controle da obesidade, atualmente, são diversas. Entretanto, o médico cirurgião Sérvio Fidney aponta para o fato de que cada caso vai demandar uma abordagem diferente para que o objetivo seja alcançado. “Além da dieta básica, que envolve aumento do gasto calórico ao passo em que se diminui o consumo, há também algumas medicações disponíveis, procedimentos endoscópicos como o balão endogástrico e a cirurgia bariátrica. Um bom profissional entende que o que vai determinar a melhor opção é uma avaliação multidisciplinar individualizada de cada paciente”, coloca.
O profissional acrescenta, ainda, que optar pela cirurgia, apesar de esse ser um procedimento mais invasivo, não significa descartar a mudança de estilo de vida. “É um mito a crença de que a cirurgia bariátrica é um caminho fácil, como pensam alguns. A cirurgia é sim o tratamento atual mais eficaz para proporcionar a perda do excesso de peso, mas não existe nenhum tratamento consistente sem mudança de hábitos. Ao decidir pelo procedimento, o paciente precisa deixar uma realidade no passado e começar uma nova, e isso é fundamental para um resultado duradouro”, conclui.
Sérvio Fidney é médico cirurgião formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em cirurgia bariátrica, cirurgia geral, do aparelho digestivo e cirurgia videolaparoscópica. Possui mestrado em cirurgia e residência em Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das Clínicas – UFPE. É membro da Sociedade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica desde 2015 e preceptor da residência médica em Cirurgia desde 2011. É chefe do serviço de Cirurgia Geral e Bariátrica do Hospital Agamenon Magalhães (SUS-PE) e cirurgião da equipe do Real Hospital Português e do Hospital Memorial São José.